quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Largo dos Açorianos

É um logradouro público que marca o início da história de Porto Alegre. Nele há o Monumento aos Açorianos, a Ponte de Pedra e o Centro Administrativo do Estado do Rio Grande do Sul, o famoso prédio rampa de skate. O local serve apenas como uma boa fotografia: realmente não há nada mais para se fazer por lá. Mas, é um lugar histórico para a capital dos gaúchos.


O Monumento aos Açorianos foi constuído em 1973 pelo escultor Carlos Tenius. Feito de aço, é uma caravela composta de corpos entrelaçados, possuindo na frente uma figura alada que seria o mitológico Ícaro - aquele que saiu voando da ilha de Creta com asas fabricadas com penas e cera. É uma homenagem aos sessenta casais de açorianos que desembarcaram na região em 1752 e deram origem mais tarde à cidade de Porto Alegre.

A Ponte de Pedra servia para a travessia de um dos braços do Arroio Dilúvio e foi inaugurada em 1848 por ordem do então presidente da província Conde de Caxias. Era a única ligação entre as chácaras da zona sul e o centro da cidade. Como o arroio começou a ser retificado em 1937, tendo seu curso planejado entre as duas pistas da Avenida Ipiranga, a ponte perdeu sua utilidade, mas ficou como memória de tempos antigos, sendo tombada em 1979.
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Mais estátuas para Porto Alegre

Já falei aqui que gostaria de ver um Centro repleto de estátuas e monumentos. E, além daquelas que hoje figuram em logradouros públicos por diversas regiões da cidade, que poderiam ser transferidas para o dito bairro, há mais algumas que poderiam enfeitar nossa bela capital.


01. Estátua da Samaritana

Ela foi instalada em 1925 na frente da antiga prefeitura, onde hoje fica um chafariz presenteado pela comunidade espanhola. É uma escultura de uma camponesa segurando um cântaro, e permaneceu ali por 10 anos, sendo então transferida para a Praça da Alfândega. Ali ela sobreviveu, notem o termo, por quase 7 décadas, até ser - prestem bem atenção - serrada ao meio por vândalos. Isso mesmo que você leu. Desde 2002 a estátua está em um depósito da prefeitura dividida em duas partes, fruto do trabalho de gloriosos cidadãos de Porto Alegre.

Estátua da Samaritana em dois momentos: na Praça da Alfândega; e no detalhe partida em dois num depósito da prefeitura

Essa, com certeza, deveria ser reintegrada ao cenário porto alegrense. De repente em outra praça, já que a da Alfândega passa por um processo de renovação na qual a Samaritana não foi inclusa - e nem poderia no estado em que está.


02. Belas Artes

As cidades européias estão enfeitadas com estátuas de deuses gregos. São as famosas esculturas das Belas Artes. O Instituto de Artes (IA) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) possui algumas delas. Poderiam ser feitas diversas delas em larga escala e espalhadas pelos logradouros do Centro. Isso, claro, se uma séria reforma para recuperação do bairro fosse feita. Poderiam, também, enfeitar as ruas - muitas cidades fazem isso. O fato é que elas só teriam coisas boas a acrescentar.

O deus Apolo e a Vênus de Milo


03. A obra não terminada de Caringi

Antônio Caringi foi um escultor gaúcho, nascido em Pelotas, de suma importância não só para o nosso Estado, como para todo o Brasil. Um de seus mais audaciosos projetos consistia em uma estátua de 45 metros para o Duque de Caxias, intitulada de 'O Pacificador', em homenagem ao general que acabou com diversos movimentos separatistas do nosso país e manteve a pátria unificada. Esse, que seria o maior monumento das Américas, nunca saiu da maquete de gesso que ainda resta.

Duque de Caxias e Antônio Caringi

Deveria ser colocada no Parque Farroupilha. A pedra fundamental foi lançada em 1945, mas o projeto não foi adiante devido à falta de verbas públicas. Hoje em dia, ela poderia ser concluída. Vão investir quantidades enormes de dinheiro para a infra-estrutura necessária para a Copa do Mundo. Ou seja, verba tem, falta vontade. Além do mais, o escultor pelotense também poderia ser homenageado. Na verdade, estamos devendo essa para ele.
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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Estátuas perdidas II

Qual é o primeiro monumento ou a primeira estátua de Porto Alegre? Levando em conta que a capital gaúcha passa dos duzentos anos pode ser que eles nem existam mais. Ou será que enfrentam o esquecimento e a depredação característicos dos marcos históricos da cidade? Felizmente eles ainda figuram em praças públicas. Infelizmente possuem uma longa história de negligência.

Vamos voltar para Porto Alegre em meados do século XIX. A Cia Hidráulica, no intuito de fornecer água potável aos habitantes gaúchos, instalou diversos chafarizes pela cidade. Porém, em 1866, um deles prestara homenagem ao Rio Guaíba. Composto por cinco estátuas, quatro que representavam seus afluentes, Caí, Gravataí, Jacuí e Sinos, e outra em cima do chafariz central que exaltava o próprio rio, o monumento foi instalado na Praça da Matriz projetado por José Obino.

Monumento na Praça da Matriz, com o Theatro São Pedro ao fundo.

Em 1910 foi destruído para a construção do monumento a Julio de Castilhos. As cinco estátuas ficaram em um depósito até 1923, quando foram vendidas separadamente a proprietários privados. Uma campanha do Correio do Povo mobilizou a prefeitura para recomprar as mesmas, fato que só ocorreu em 1935, quando as quatro estátuas dos afluentes foram instaladas na praça Dom Sebastião. A estátua para o Guaíba, entretanto, continua em mãos privadas até hoje.












Há duas estátuas de mulheres - como a da esquerda - denominadas Cahy e Sinos (basta ler a inscrição no pedestal) e duas de homens - como a da direita - denominadas Gravatahy e Jacuhy.

Mesmo assim, a triste histórias dessas estátuas não termina por aí. Em 1983 elas foram retiradas da praça depois de passarem por diversas depreciações. Foram alvo depolêmica três anos depois, quando o governo foi acusado de tê-las esquecido, e só retornaram ao logradouro em 1996. Um espelho da água foi criado, mas hoje em dia o que se tem por lá é só concreto.














Estado atual do monumento na Praça Dom Sebastião, ao lado do Colégio Rosário.

Bom, agora resta a primeira estátua para uma pessoa de Porto Alegre. Como já explicado anteriormente, a Revolução Farroupilha foi e ainda é um marco da nossa história que mexe com o povo gaúcho. Sabemos que os revoltosos tomaram Porto Alegre em 20 de setembro de 1835. A capital gaúcha, no entanto, sempre foi leal ao Império do Brasil. Basta ler a inscrição no seu brasão: leal e valorosa cidade de Porto Alegre. O tenente-general Manuel Marques de Sousa III foi vital na retomada da cidade em 15 de junho de 1836. Ficou conhecido como Conde de Porto Alegre. A capital gaúcha, no entanto, mereceu as nobres palavras de seu brasão por resistir a um dos maiores cercos a uma cidade brasileira da história, que durou 1.283 dias, terminando somente em dezembro de 1840.

O Conde de Porto Alegre

Em dívida com o bravo militar, a cidade se viu obrigada a homenageá-lo. Uma estátua gigantesca foi encomendada, com um pedestal de 8 metros repleto de detalhes e alegorias. Porém, o que se teve foi uma pequena escultura inaugurada na Praça da Matriz em 1885, com 4 anos de atraso do previsto no seu projeto, numa solenidade que contou com a presença da Princesa Isabel. A estátua foi movida em 1912 para a atual Praça do Conde, onde está até hoje.

Estátua na Praça do Conde

Novamente Porto Alegre nos brinda com seu descaso com a sua própria história. A espada do Conde está quebrada, assim como braços e narizes do monumento ao Guaíba, cuja peça principal não está nem em mãos públicas. Além do mais a estátua e o monumento mais antigos da cidade enfrentam melancolicamente o esquecimento e o vandalismo.

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Estátuas perdidas I

Se analisarmos a história do nosso estado, veremos que há um consenso de que a parte mais importante e lembrada dela é a Revolução Farroupilha. Dos que lutaram nela, o único que é conhecido internacionalmente é Giuseppe Garibaldi. Ele tem estátuas em sua homenagem no mundo inteiro, inclusive aqui. Aliás, temos também um belíssimo monumento para Bento Gonçalves. Só que, ao meu ver, essas esculturas não possuem destaque algum. Sim, os herois da nossa terra passam despercibos no nosso dia-a-dia. E pior: estão parcialmente destruídos por vândalos e pelo tempo.

Monumento para Bento Gonçalves, corroído e pichado, na Praça Piratini

A Revolução Farroupilha foi um movimento elitista do Rio Grande do Sul ocorrido no século XIX, liderado pelo general Bento Gonçalves da Silva. O governo monárquico brasileiro impôs altas taxas ao charque gaúcho, principal economia do estado na época, e incentivou a importação do produto proveniente da região do Rio da Prata. Além disso, o sal, essencial para a produção do charque, teve sua taxa de importação aumentada. Os ricos estancieiros, revoltados, tomaram Porto Alegre, a capital gaúcha, em 20 de setembro de 1835, exigindo um novo presidente para a província que atendesse aos interesses deles. Como a resposta do imperador brasileiro foi transferir a capital para a cidade de Rio Grande e iniciar uma ofensiva aos revoltosos, o povo gaúcho não viu outra alternativa a não ser ir à luta.

Com o apelo popular crescendo conforme a guerra se desencadeava, o general Antônio de Sousa Netto proclamou a República Piratini no dia 11 de setembro de 1836, dois dias após impor uma derrota ao coronel João da Silva Tavares no Arroio Seival que parecia impossível de acontecer. O movimento passava a ter caráter separatista e a se preocupar com outras questões também, como a abolição da escravidão. Inspirado por movimentos desse tipo ocorridos anteriormente, como as revoluções americana e francesa, desembarca na província no ano seguinte o italiano Giuseppe Garibaldi. Durante a Guerra dos Farrapos, nome dado ao conflito entre o agora exército rio grandense e os imperiais brasileiros, ele conhece Anita, que junto com ele, ficou conhecida mundialmente por lutar na unificação italiana, a partir de 1848.

A guerra só teve fim em 28 de fevereiro de 1845, quando os farroupilhas foram derrotados em Poncho Verde e assinaram o tratado de paz com o general Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias. Apenas no século seguinte é que o histórico conflito foi utilizado para definir o caráter do gaúcho, e hoje em dia ele é conhecido por praticamente toda a população do Estado do Rio Grande do Sul.

Em 1915, Porto Alegre foi presenteada pela comunidade italiana, já que o estado é uma forte colônia do país, com uma estátua em mármore de carrara em homenagem a Giuseppe e Anita Garibaldi, feita pelo pintor e escultor Filadelfo Simi (1849-1923). Ela está lá até hoje, esquecida, deteriorando-se com o tempo. O local também não é propício: em meio a um arvoredo e de frente para um local não muito movimentado da cidade.

Homenagem a Giuseppe e Anita, super mal tratada

Já Antonio Caringi (1905-1981), que fez inúmeros monumentos no estado, inclusive o Laçador, prestou sua homenagem ao líder farroupilha Bento Gonçalves. A estátua de cobre foi inaugurada em Porto Alegre em 1936, na Praça Redenção, e ocupa seu local atual, a Praça Piratini, desde 1941. É uma escultura também negligenciada, corroída e pichada, que não recebe destaque algum.

Caringi confeccionando a estátua de Bento

Precisamos, urgentemente, restaurar esses monumentos e dar a eles a atenção e o destaque merecidos. Temos orgulho de nossa história, mas esquecemos dos nossos herois, daqueles responsáveis por construir o estado maravilhoso em que vivemos hoje. E olha que Porto Alegre já foi eleita Capital Cultural do Mercosul. Vamos fazer valer esse título.

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