Vamos voltar para Porto Alegre em meados do século XIX. A Cia Hidráulica, no intuito de fornecer água potável aos habitantes gaúchos, instalou diversos chafarizes pela cidade. Porém, em 1866, um deles prestara homenagem ao Rio Guaíba. Composto por cinco estátuas, quatro que representavam seus afluentes, Caí, Gravataí, Jacuí e Sinos, e outra em cima do chafariz central que exaltava o próprio rio, o monumento foi instalado na Praça da Matriz projetado por José Obino.
Em 1910 foi destruído para a construção do monumento a Julio de Castilhos. As cinco estátuas ficaram em um depósito até 1923, quando foram vendidas separadamente a proprietários privados. Uma campanha do Correio do Povo mobilizou a prefeitura para recomprar as mesmas, fato que só ocorreu em 1935, quando as quatro estátuas dos afluentes foram instaladas na praça Dom Sebastião. A estátua para o Guaíba, entretanto, continua em mãos privadas até hoje.
Bom, agora resta a primeira estátua para uma pessoa de Porto Alegre. Como já explicado anteriormente, a Revolução Farroupilha foi e ainda é um marco da nossa história que mexe com o povo gaúcho. Sabemos que os revoltosos tomaram Porto Alegre em 20 de setembro de 1835. A capital gaúcha, no entanto, sempre foi leal ao Império do Brasil. Basta ler a inscrição no seu brasão: leal e valorosa cidade de Porto Alegre. O tenente-general Manuel Marques de Sousa III foi vital na retomada da cidade em 15 de junho de 1836. Ficou conhecido como Conde de Porto Alegre. A capital gaúcha, no entanto, mereceu as nobres palavras de seu brasão por resistir a um dos maiores cercos a uma cidade brasileira da história, que durou 1.283 dias, terminando somente em dezembro de 1840.
O Conde de Porto Alegre
Em dívida com o bravo militar, a cidade se viu obrigada a homenageá-lo. Uma estátua gigantesca foi encomendada, com um pedestal de 8 metros repleto de detalhes e alegorias. Porém, o que se teve foi uma pequena escultura inaugurada na Praça da Matriz em 1885, com 4 anos de atraso do previsto no seu projeto, numa solenidade que contou com a presença da Princesa Isabel. A estátua foi movida em 1912 para a atual Praça do Conde, onde está até hoje.
Novamente Porto Alegre nos brinda com seu descaso com a sua própria história. A espada do Conde está quebrada, assim como braços e narizes do monumento ao Guaíba, cuja peça principal não está nem em mãos públicas. Além do mais a estátua e o monumento mais antigos da cidade enfrentam melancolicamente o esquecimento e o vandalismo.
1 comentários:
Sou paraense e visitei Porto Alegre, fiquei encantado com a arquitetura clássica da cidade,seus monumentos e casario secular. Dói ver que o brasileiro não cuida de seu bem maior: sua identidade.
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